Semana da Poesia - Acabou, ao menos para mim

O fim de tudo
(Davy Kemp)

Não há luz nem ar para respirar
Não há vida, mas não estou morto por completo
Apenas uma dor que me diminui
Não sinto ninguém, tudo está deserto

Deus? Não existe nenhuma divindade
Apenas um frio na alma, calor na pele
Sangue morno a batizar o piso
E um vento que faz com que ele congele

Tudo é solidão e desespero
Não sinto meu coração bater, mas o sinto
Parado a sentir a agonia infernal
Estático como uma gravura em seu recinto

Não há o que ser dito, não há palavras
Sinto como se eu fosse o único aqui
Entre o vinho de sangue que me afoga
Eu tento agonizar a dor mais forte que já senti

Não há palavras, não consigo falar
E se pudesse, não saberia o que dizer
Este é o inferno, solidão eterna
Não há nada que eu possa fazer

Queria chorar mas sinto não poder
As lágrimas me foram roubadas
Perdi meu sorriso e meu caráter
Tudo que tenho são mãos tatuadas

Três números iguais a dizer algo
Um código? Uma chave? Um segredo
Que a mim não foi esclarecido em vida
Estou assustado, mas aqui não preciso ter medo

Nem morte, nem vida, apenas isso
Mentiram para mim, o inferno não tem fogo
O inferno é um lugar vazio que te tortura
Com lembranças daquilo que foi um jogo