
Pai
(Davy Kemp)
Segundo domingo de agosto
E na minha boca volta aquele velho desgosto
De quem nunca pode pronunciar a palavra pai
Mas neste ano estou disposto
A superar aquela velha dor
Eu passei uma parte da infância fingindo
Dizendo que não fazia diferença e por dentro me consumindo
Por ver que havia um espaço vazio
Muita coisa na vida ficou sem sentido
Mas no final de tudo eu cresci
E meu velho, grande avô que jovem perdi
Mas uma vez eu percebi
Que a vida me queria ver órfão de pai
E muitas vezes eu menti
Dizendo que isso nunca fez falta
Mas por mais que eu tenha construído meu herói sozinho
Houve dias que precisei de carinho
E da força extra que representa um pai
Minha mãe foi bem forte e me mostrou o caminho
Mas em agosto sempre ficava um cartão em branco
Sei que agora que já sou um homem adulto
Seja um pouco tarde para eu sofrer o luto
Mas como teria sido minha história
Se eu que deveria ser do amor um fruto
Tivesse conhecido este homem
Que deveria ter me dado um nome
Saber que isso não muda ás vezes me consome
Mas já não me deixa tão triste
Já venci o medo de escuro e a fome
Agora eu tenho um músculo
Que pode fazer tudo o que era obrigação de pai
Hoje o rancor que entrou, em uma lágrima sai
E entre as cartas que foram escritas para ele
Entre o vento, com as cinzas se vai
A frase que eu poderia ter dito
Pai, se você um dia me for apresentado
Se existir mesmo uma vida do outro lado
Gostaria que me fosse respondido uma pergunta
Se eu, essa ex-criança fruto do pecado
Foi mesmo um erro para você
E Deus, eu não vou questionar denovo
Não sei bem se essa minha vida é um jogo
Mas todas as cartas que foram postas na mesa
Hoje eu as junto e lanço fogo
Porque todas elas queimaram dentro de mim
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